—Alô?
—Até que enfim, senhor DeMarest. Escute-me bem. O senhor precisa estar no aeródromo de Saint-Rémy em 16 minutos.
—Como? O quê? E que horas são?
—8h34. Estamos tentando entrar em contato com o senhor e sua esposa há três horas para evacuá-los.
No terceiro episódio da festejadíssima série francesa L’Effondrement (”O
colapso”), um bilionário protagoniza uma corrida contra o relógio para
pegar um avião exclusivo para fugir da falência da civilização tal como a
conhecemos. O capítulo mostra o instinto de sobrevivência e a falta de
escrúpulos desse membro do afortunado 1% da humanidade, uma reflexão que
a ficção amplia no sétimo capítulo narrando a angustiante odisseia de
uma mulher, ministra neste caso, tentando chegar a uma ilha onde pode
encontrar refúgio. Apesar de ser uma série distópica, sua abordagem do
comportamento das elites em um potencial colapso da civilização está
longe da pura ficção científica. A crise do coronavírus, juntamente com a ameaça do terrorismo e da mudança climática, aumentou o medo das classes privilegiadas e cada vez mais pessoas apostam em estar preparadas para um possível apocalipse, disparando rapidamente a demanda por bunkers
e refúgios. De Vale do Silício a Wall Street, passando por Marbella, é
assim que os ricos estão se preparando para o fim do mundo.