Bolsonaro a cada dia que passa é cada vez mais uma patética figura no governo brasileiro, tal qual uma rainha da Inglaterra, está sentado na cadeira da presidência, mas já não manda nem mesmo nos filhotes...
Todo mundo já sabe que o presidente em comando é o general Braga Netto.
E a última invertida que o aprendiz de genocida levou, foi uma repreensão homérica, por achar que poderia demitir Mandetta.
Mandetta fica, por ordem da cúpula militar e Bolsonaro segue isolado na horizontal e na vertical...
Desconfortável por ter um subordinado que pensa e age diferente de si, o presidente Jair Bolsonaro pretendia demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde
nesta segunda-feira e trocá-lo pelo deputado federal Osmar Terra. Não
conseguiu. Assim que a notícia veio à tona, começaram as poderosas
pressões para evitar que o mandatário concretizasse a exoneração do
ministro, que é mais popular que o seu próprio chefe por causa da
coordenação das ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Houve quatro frentes de críticas contra a decisão até então tomada pelo presidente: 1) generais do Exército,
um deles na ativa, com assento no Planalto, disseram que lhe faltaria
apoio popular e político para demitir um ministro que tem seguido as
recomendações das principais autoridades sanitárias do mundo; 2)
congressistas o alertaram sobre a possibilidade de atrapalhar ainda mais
a relação no Legislativo e de ver um dos pedidos de impeachment contra
ele prosperar em médio prazo; 3) no Judiciário, ao menos dois ministros
do Supremo Tribunal Federal
queixaram-se de falta de liderança política no país e; 4) nas redes
sociais, pulularam manifestações de apoio a Mandetta. O ministro ganhou
ainda uma demonstração de suporte entre os seus: cerca de 150 servidores
do Ministério da Saúde fizeram um protesto em frente à sede do órgão
para ameaçar uma demissão coletiva, caso se concretizasse sua
exoneração.Novo round
No domingo, Bolsonaro demonstrou, mais uma vez,
estar descontente com a atuação de Mandetta na pasta. Ao falar a um
grupo de religiosos apoiadores que o aguardavam na entrada do Palácio da
Alvorada, o presidente disse que havia ministros que estavam se
sentindo estrelas e que poderia usar a “caneta” contra eles. Não citou
nomes. Mas o recado foi direto ao ministro da Saúde. “Algumas pessoas no
meu Governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando. Eram pessoas
normais, mas de repente viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Tem
provocações”, afirmou. “Mas a hora deles não chegou ainda não. Vai
chegar a hora deles. A minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a
caneta nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil, não é para o
meu bem. Nada pessoal meu. A gente vai vencer essa”, declarou o
presidente.
No sábado, o ministro deu mais uma
demonstração dos holofotes que atraiu: gravou um vídeo para músicos
campeões de audiência no Brasil que fizeram apresentações ao vivo em
suas redes sociais, como Xand do Avião e Jorge & Mateus.
Na gravação, Mandetta disse a eles que o “show não pode parar”, mas as
aglomerações, sim. Enquanto isso, a interlocutores, o ministro reagia às
queixas de Bolsonaro. Disse que não aceitava ameaças. Que se Bolsonaro
tivesse algo a fazer, que agisse, que o demitisse. E insistiu em seu
discurso feito na semana passada quando foi questionado se abandonaria o
cargo: “Médico não abandona paciente”.
Depois de um dia
de inteiro de rumores e uma série de reuniões, inclusive com Bolsonaro e
sua equipe de ministros, Mandetta surgiu para falar com a imprensa
depois das 20h. Discursando na sede do Ministério da Saúde, em Brasília,
e em mais um sintoma de uma crise com o Planalto que ganha ares
surrealistas em meio à pandemia, admitiu que vários funcionários seus já
estavam limpando suas gavetas para irem embora, inclusive as dele. E
deu o recado: “Nós vamos continuar porque continuando a gente vai
conseguir enfrentar o nosso inimigo, que tem nome e sobrenome, a
Covid-19”.
A altivez do ex-deputado vinha do respaldo angariado ao longo do dia e na semana passada. O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre
(DEM-AP), transmitiu o seguinte recado a Bolsonaro por meio dos
ministros-generais Luiz Eduardo Ramos (Governo) e Walter Braga Netto
(Casa Civil): “o Congresso é contra a saída de Mandetta. Isso iria
prejudicar a relação com o Parlamento”. Chamado para conversar
pessoalmente com o presidente, Alcolumbre avisou que não o encontraria e
que a discussão estava acima de questões partidárias. Mandetta é
filiado ao DEM de Alcolumbre, pelo qual cumpriu dois mandatos de
deputado federal por Mato Grosso do Sul.
A pressão mais
intensa, contudo, veio dos militares dias antes. Na noite de
quinta-feira passada, quatro generais com assento no Planalto se
reuniram com Bolsonaro logo após ele conceder uma polêmica entrevista à rádio Jovem Pan,
na qual disse que faltava humildade a Mandetta e que ele deveria
ouvi-lo mais. O quarteto disse a Bolsonaro que ele deveria se calar para
não deixar a crise sanitária e econômica ainda mais grave. Pediram para
ele não mexer em sua equipe, por enquanto. Tampouco provocar
governadores e prefeitos que decretaram quarentenas. Disseram que, se
ele não mudasse sua postura, poderia ser pressionado a deixar o cargo.
Em
um primeiro momento, parecia que o presidente tinha ouvido as
advertências e acatado os conselhos. Mas as declarações no domingo e as
sinalizações da segunda-feira demonstraram que não foi bem assim. Para
um interlocutor que estava no encontro com os militares na quinta-feira,
não ficou de todo claro se Bolsonaro esperava tamanha reação, e de
tantas frentes coordenadas, contra a queda do ministro.
O
cerne da discórdia entre chefe e subordinado é o fato de o ministro ser
a favor do distanciamento social, com medidas que incluem o isolamento
do maior número de pessoas em cidades onde haja uma disseminação da
doença. O presidente, por sua vez, entende que só quem deveria se isolar
seriam os grupos mais vulneráveis, idosos e pessoas com comorbidades.
Bolsonaro está preocupado com os efeitos de uma inevitável quebradeira
econômica, com os gastos que o Governo terá para ajudar a população mais
pobre e com suas próprias perspectivas de reeleição em meio à crise sem precedentes.
Quem
tem ajudado na “fritura” de Mandetta é exatamente seu potencial
substituto, Osmar Terra. Deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul,
e demitido por Bolsonaro do Ministério da Cidadania em fevereiro, o
parlamentar nega a importância do distanciamento social como ação para
coibir a disseminação massiva do coronavírus, assim como o mandatário.
No fim de semana agiu intensamente contra seu antigo colega de
Parlamento. Participou de reuniões entre Bolsonaro e médicos que são
contrários ao isolamento horizontal, publicou artigo em jornal e deu
entrevistas para dizer que a quarentena não auxilia no controle da
pandemia de Covid-19. Algo que é refutado pelas principais autoridades
sanitárias do mundo.
Em suas redes sociais, Terra recebeu
sanção do Twitter ao dizer que que a “quarentena aumenta os casos de
coronavírus”. Em uma entrevista que concedeu por videoconferência, ao portal bolsonarista Crítica Nacional,
o deputado disse que no Brasil não vão morrer nem 5.000 pessoas. Falou,
equivocadamente, que as medidas de isolamentos não funcionaram em
nenhum local do mundo e reclamou das quarentenas no país. “Essas medidas
drásticas não adiantam nada. Não fica uma pessoa a mais ou a menos
internada por causa da quarentena. Não tem uma pessoa a mais ou a menos
morrendo por causa da quarentena. Ela não atrapalha o vírus”, afirmou.
Em
um grupo de parlamentares do DEM, Mandetta chamou o deputado do MDB de
“Osmar Trevas”. “Vamos seguir a ciência, disciplina, planejamento, foco.
Não perca. Esses barulhos que vem ao lado, fulano falou isso, beltrano
falou aqui, esquece. Eles estão aqui do lado. Apesar dos pesares, foco,
aqui!”, afirmou o ministro em uma coletiva durante a noite.
Esse não foi o primeiro dia do fico
de Mandetta. Nem deve ser o último até o fim da crise da pandemia.
“Infelizmente começamos com mais um solavanco a semana de trabalho.
Espero que possamos entrar um período de paz, daqui pra frente”,
afirmou.
com conteúdo de
Afonso Benites
El País
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