As discussões sobre o uso de máscaras para conter a expansão do SARS-Cov-2 têm sido marcadas por uma série de mitos pseudocientíficos, propalados por certos políticos populistas —como o brasileiro Jair Bolsonaro e, até a última semana, pelo norte-americano Donald Trump—, que desaconselham sua utilização para evitar males piores. Mas a posição científica predominante é a de que, nas zonas com transmissão comunitária da covid-19, o uso de máscaras ajuda a evitar a disseminação da doença, sobretudo nos lugares onde não é possível respeitar a distância física de 1,5 a 2 metros.
1. Respiramos menos oxigênio
Falso. Várias
mensagens difundidas nas redes sociais afirmam que o uso de máscaras
produz “hipóxia” ou falta de oxigênio no sangue. “Seu uso permanente
fará com que as pessoas saudáveis adoeçam porque estão respirando ar em
menor quantidade do que seu corpo necessita”, dizia um texto divulgado
no Facebook que já foi removido pela rede social. Não há nenhuma
evidência científica de que a utilização de máscaras provoque hipóxia.
Os materiais empregados em sua fabricação permitem a entrada suficiente
de oxigênio.
2. Respiramos dióxido de carbono
Falso. O
uso de máscara, ao contrário do que apontam algumas mensagens
difundidas no Facebook e no WhatsApp, não produz “hipercapnia” ou
excesso de gás carbônico no sangue arterial. Segundo esses rumores, que
não se baseiam em comprovações científicas, a hipercapnia aparece porque
as máscaras retêm o dióxido de carbono que exalamos ao respirar e,
portanto, respiramos “uma e outra vez o ar exalado”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
“usar máscaras médicas durante muito tempo pode ser desconfortável, mas
não provoca intoxicação por dióxido de carbono nem hipóxia”. “Uma vez
posta a máscara médica, certifique-se de que esteja bem colocada e que
permita respirar com normalidade”, acrescenta a OMS.

3. A máscara ativa nosso próprio vírus
Falso. Essa afirmação procede do documentário Pandemic,
criticado pela enorme quantidade de mentiras que aglutina, no qual a
bióloga Judy Mikovits declara o seguinte: “Usar máscaras literalmente
ativa o seu próprio vírus. Você adoece por causa das suas próprias
expressões de coronavírus reativadas e, se for o SARS-CoV-2, então você
terá um grande problema.” O argumento de Mikovits —a pessoa poderia
infectar a si mesma com um vírus que já tem em seu organismo— carece de
fundamento científico.
4. O uso da máscara favorece o surgimento de infecções respiratórias
Falso. O
material não favorece o surgimento de fungos nem doenças respiratórias,
desde que seja empregado de forma adequada. Os Centros para o Controle e
Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos lembram que os protetores
faciais descartáveis “devem ser usados uma única vez” e que os
reutilizáveis “precisam ser lavados e desinfetados depois de cada uso”. A
mesma recomendação é feita pela OMS, que enfatiza a importância de
trocar as máscaras quando ficarem umedecidas.
5. As máscaras de pano não protegem
Falso. As máscaras higiênicas ou de pano agem como uma barreira
para evitar a propagação do vírus do usuário para outras pessoas, como
explicam a OMS e os CDC. É certo que seu nível de proteção é menor que o
das cirúrgicas, que reduzem a quantidade de gotículas respiratórias
transferidas pelo portador da máscara às demais pessoas, ao mesmo tempo
em que evitam que o usuário seja infectado por outros. A proteção também
é menor que a dos equipamentos autofiltrantes, projetados especialmente para os profissionais da saúde que atendem pacientes com covid-19.
A OMS informa que “usar uma máscara de pano não basta para fornecer um nível de proteção adequado” e recomenda “manter uma distância física de pelo menos um metro em relação aos demais”, além de lavar as mãos com frequência e evitar tocar o rosto e a própria máscara.
6. O uso de máscaras envolve riscos
Verdade. Os
especialistas consideram que utilizar máscaras para prevenir a covid-19
implica assumir vários riscos. O principal deles é que seu uso cria a
falsa sensação de segurança de estar protegido —o que, segundo a OMS,
pode aumentar as possibilidades de infecção por SARS-CoV-2, pois a
pessoa com máscara pode tender a tocar o rosto com as mãos sujas. O
organismo também afirma que, se não utilizamos a máscara adequada, seu
uso pode dificultar a respiração. Lembra ainda que o uso de máscara pode
chegar a ferir a pele da cara. Seu uso é desaconselhado por menores de
dois anos, pessoas com dificuldades respiratórias e aquelas que precisam de ajuda para colocá-las.
conteúdo
Patricia R. Blanco
Madri
El País
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